Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício
Sim, Chico literalmente diz que é ateu, não vê problema nisso, mas, pela insistência de todos, resolve pensar nas possibilidades: uma religião de matriz africana (sacrifício de ovelha), talvez uma oriental (Budismo e Hinduísmo adoram estátuas), sem esquecer as cristãs (e sua adoração por Nossa Senhora casta e mãe – a mulher sem orifício). No fim percebe-se que não ter religião é sua única fé. Eu do meu lado também vivo a questionar as religiões. Minha grande fé é a única certeza que tenho e dela advém muitas das minhas imagens porque a religião pode ser esquisita, mas a fé é linda. Uma homenagem ao fabuloso e criticado Chico Buarque que em seu Chico nos lembra que não morreu e ainda tem o que mostrar.
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Minha fé é certeza de que algo nos sustenta no mundo |
E lembra Amy e sua morte precoce, que levou embora a voz “arrasa quarteirão”! Da sua morte restou-me a imagem de quem não conseguia dormir e no meio da madrugada precisou mostrá-la e dizer que um dia tudo volta à escuridão como em Back to Black. Uma longa exposição de 30’ com o cachorro dando ares fantasmagóricos é meu presente à diva branca do soul. No fim também uma questão de fé!
Madrugada acordada com Amy no som, cerveja no copo e fotografia |
Para completar esse período Woody Allen e seu “Meia-noite em Paris”. Se eu já queria ver as imagens da cidade-luz, agora quero mais ainda. Sim, Woody sabe nos encantar, nos mostrar as grandes belezas e delícias de cada lugar e com Paris não foi diferente. Owen Wilson em sua melhor interpretação até hoje dá cara ao alterego de Allen, Kathy Bates é uma surpreendente Gertrude Stein de uma Paris dos anos 20 que todos gostariam de viver, mesmo sabendo que vivê-la não muda em nada nosso hoje. Sim, Allen fez um filme maravilhoso para dizer que passado, presente e futuro têm sua razão de ser e devem ser vividos cada um a seus tempo porque misturá-los só vai mostrar que cada época tem seu bom e seu ruim. E vivê-los é nossa única possibilidade! Para Allen um pouco do meu hoje em um autoretrato fantasioso e diferente.
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Fugacidade no Autorretrato |